As doenças mentais são mais comuns do que se pensa

Não há dúvida sobre a relação entre doença mental e suicídio. Para evitar suicídios mais eficientemente, precisamos desmistificar as "doenças mentais", que devem ser encaradas da mesma forma que doenças físicas. Algumas doenças físicas também já acarretaram um estigma desastroso: aos 15 anos fui diagnosticado com tuberculose e alguns membros da minha família pareciam muito preocupados em evitar "que se soubesse", mais do que com a minha cura. Em um sentido, todos temos disfunções de um tipo ou de outro, algumas que são sub-clínicas e outras que não conformam uma doença mental. É preciso, também, saber que as doenças mentais são a principal causa de suicídios e ficar atento para essa relação.

Ronald Kessler, pesquisador da Harvard Medical School, usou surveys de diagnóstico em uma amostra de 60.463 adultos em 14 países. Desordens de tipo ansiedade e depressão são bastante comuns e afetam mais do que uma pessoa em cada dez em metade dos países pesquisados.

A comparação entre países revela pouco, porque há muitas diferenças na maneira com que as pessoas percebem e lidam com as doenças mentais que afetam quantas pessoas não respondem, ou respondem mal. Os Estados Unidos, sociedade consciente das doenças mentais, aparecem com um em cada quatro adultos com doenças mentais (26%). Do outro lado, a Itália, com 8%. A pesquisa foi feita na Nigéria, uma sociedade com uma tradição de violência, onde o questionário talvez não seja um instrumento indicado. Somente 5% teriam doenças mentais:

“In some countries there just is not this tradition of public opinion and speaking your mind” disse um dos pesquisadores.

Creio importante ver que as doenças mentais são comuns em diferentes sociedades e que são mais sociais do que pessoais, e ter plena consciência de que há uma íntima associação entre algumas delas (como bipolaridade e depressão) e suicídio.


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