BIAL - PROGRAMA SOBRE FIM DA VIDA

Bial, cuidado para não estimular suicídios. Entrevistados agradáveis e respeitáveis, um auditório repleto de pessoas  inclinadas a apoiar a eutanasia, descrição de métodos, são ingredientes para estimular muitos telespectadores - que não estão em estado terminal - ao suicídio e injustificável, desnecessário. Pessoas com depressão (curável, situação reversível), assim como bipolares, podem ser estimuladas ao suicídio pelo seu programa. Há uma ampla literatura sobre o que muitos chamam de “efeito Werther” que demonstram o perigo de colocar o suicídio em forma romantizada ou heróica na mídia. Leia sobre o Consenso de Viena. E, se estiver realmente interessado, ponha o seu staff para trabalhar, fazendo uma revisão da literatura científica sobre a influência da mídia sobre a taxa de suicídios.
Não é de hoje que se conhece e pesquisa essa relação. Há 36 anos, Kenneth A. Bollen and David P. Phillips estudaram os suicídios por imitação. ( American Sociological Review, Vol. 47, No. 6, Dec., 1982, pp. 802-809.
Sugiro, particularmente, os trabalhos de Kay Redfield Jamison, psiquiatra, bipolar e que tentou o suicídio.
Até aqui no Brasil o efeito da mídia sobre a taxa de suicídios já foi demonstrado. Leia o trabalho de Loureiro, Moreira e Sachsida disponível no R C IPEA. Veja como resumiram sua pesquisa:

“Utilizando dados para os 27 estados brasileiros, no período 1980-2009, observa-se que o índice de mídia (Midia) é o terceiro motivador do suicídio, depois de desemprego e violência, para todos os grupos de pessoas. O modelo estimado mostra que o aumento de 1% no Midia eleva a taxa de suicídio de homens jovens (idade entre 15 e 29 anos) em 5,34%. Este resultado parece sugerir uma espécie de efeito contágio nas taxas de suicídio, o que reforça os resultados obtidos por Cutler, Glaeser e Norberg (2001).”

Gláucio Ary Dillon Soares

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