Fumo e suicídio


  • Pesquisa dirigida por Naomi Breslau, professora de Epidemiologia na Michigan State University, publicada nos Archives of General Psychiatry mostram uma certa associação entre o consumo de cigarros, pensamentos suicidas e tentativas de suicídio. Foram estudados jovens entre 21 e 30 anos em 1989 e depois em 1992, 1994, e 1999-2001. Durante esse período, 19 tentaram o suicídio e 130 informaram ter tido pensamentos suicidas. A relação com o consumo de cigarros persistiu mesmo descontados os efeitos de depressão anterior, uso de substâncias psico-tóxicas e tentativas e pensamentos suicidas anteriores.
  • Outro artigo, de Matthew Miller, David Hemenway, Nicole S. Bell, Michelle M. Yore e Paul J. Amoroso, foi publicado no American Journal of Epidemiology Vol. 151, No. 11: 1060-1063. Estudaram 300.000 soldados que foram acompanhados entre Janeiro de 1987 e Dezembro de 1996, um total de quase um milhão de anos-homens. Concluíram que o risco de suicídio aumenta com o número de cigarros fumados diariamente. Quem fumava mais de 20 tinha o dobro da probabilidade de se suicidar do que quem não fumava.
Esses são os fatos, essa é a associação, mas os mecanismos não são claros. Kazim Sheikh, em carta ao editor, sustenta que os mecanismos são psico-sociais e não psico-químicos.
Muitos acreditam que o fumo, para alguns fumantes, seria uma forma de suicídio lento porque aumenta muito o risco de vários cânceres. Acredito. Eu enfrento um câncer há bastante tempo e vi muita gente desesperada fumando logo fora da sala de espera da radioterapia a despeito das marcas orientadoras da radiação indicarem câncer de boca ou de esôfago. Eu estudo e conheço as conseqüências do fumo, mas muitos fumantes não têm esse conhecimento. O conhecimento, em algum nível, consciente ou inconsciente, de que fumar aumenta consideravelmente o risco de morte é indispensável para considerar o fumo como forma de suicídio lento.

A qualidade da vida é muito afetada pelo fumo. O pulmão normal oxigena bem, nossas células se nutrem como precisam. O fumante não consegue fazer isso, oxigenar bem suas células. Por isso é que o fumo reduz a resistência, o fôlego e produz fadiga. Quem para de fumar recupera a resistência, em parte ou em todo.

Eu já fumei, mas não tinha idéia do que o fumo fazia com o meu corpo. Por isso coloco uma foto de seção de um pulmão normal e sadio e duas fotos de pulmões de fumantes. É de causar arrepios


Repito: há quem considere o fumo como um suicídio de longo prazo, como o alcoolismo e o consumo de drogas proibidas. Essa consideração requer conhecimento, consciência em algum nível, de que o que está sendo feito aumenta substancialmente o risco de morte.
Na minha mente, o que faz um pulmão ficar como mostram essas fotos, é um abuso contra o corpo humano. Vejo o corpo humano como um mecanismo lindo, maravilhoso, no qual vivem também trilhões de células. É toda uma criação presente num corpo só.


Muitos, do fundo de uma depressão, ou de um ódio, não conseguimos sequer pensar em amor ao nosso corpo (inclusive ao meu de 72 anos), aos demais e a Deus. Mas depressão e ódio passam, sobretudo de buscarmos tratamento. É difícil acreditar nisso quando se está lá em baixo, mas passa.


Talvez maneira inteligente de amar seu corpo, o próximo e a Deus seria parar de fumar, de beber e de tomar drogas. O seu corpo agradecerá.


E eu também.



GLÁUCIO SOARES                       IESP - UERJ

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