O que é um bom paciente?

A Johns Hopkins Health Alert, que eu subscrevo, enviou um estudo a respeito da influência do comportamento do paciente sobre sua própria saúde - quais são os bons e os maus pacientes. Não são chutes, mas resultados de pesquisa.
O que eles chamam de adherence , a adesão total aos programa e recomendações dos médicos, é o fator mais importante na prevenção das doenças, manutenção da saúde, e recuperação de doenças. Não obstante, muitos pacientes não seguem as orientações dos médicos. Toda a pesquisa por trás de um remédio, todos os avanços da medicina etc. são inúteis se o paciente não toma o remédio e não segue as indicações do médico. Mais de metade dos pacientes não tomam os remédios ou não os tomam de acordo com o pedido pelo médico. Alguns nem os compram ou os pedem nos postos de saúde.
No que concerne o estilo de vida, a situação é pior. Uma percentagem maior não muda o estilo de vida como a cura da doença pode exigir. Poucos seguem as dietas recomendadas; poucos se exercitam; poucos perdem peso e poucos - esse é o pior dos absurdos! - param de fumar. Assim não dá. Muitos pacientes perdem as consultas - não vão. Alguns nem telefonam para cancelar - simplesmente não aparecem. Exames e testes, particularmente os que requerem certa persistência, são grandes vítimas dos maus pacientes. Check-ups regulares, exames de sangue, de colesterol, ver a pressão regularmente etc. são sacrificados em nome da preguiça. São comportamentos comuns.
Os melhores pacientes seguem todas as recomendações à risca e, ao mesmo tempo, se informam a respeito dos seus problemas de saúde e participam da sua própria cura.

* Pergunte tudo. Não tenha vergonha de perguntar. Com as companhias de seguro pergunte, leia o contrato se fôr possível e se lembre de que a telefonista não é a responsável pelas políticas das seguradoras. Se não entender a explicação que lhe foi dada, diga que não entendeu. Muitos pacientes morrem por problemas de comunicação (ou falta dela) com os médicos e o pessoal médico.

* Leve e dê informações sobre a sua saúde, mesmo que o médico não perguntem. Em muitos postos, as filas são grandes e os médicos e enfermeiros precisam andar depressa. Com a pressa, não perguntam. Cabe ao paciente dizer, perguntado ou não. Coisas que você pode achar que não são importantes podem ser cruciais para que o tratamento seja certo.

* Pergunte, pergunte e pergunte. Idealmente, seja organizado: escreva uma lista das perguntas antes de ir à consulta

* A pesquisa mostra que os pacientes que participam se curam mais rápido e que percentagem menor apresentam problemas com a própria cura. Repito que preparar a lista das informações e outra com as perguntas é muito importante. Nã confie na memória e lembre-se que a situação da consulta pode provocar tensões e esquecimentos

* Não perca consultas. Quando o paciente mostra pouco caso com sua própria saúde e com o médico, pode provocar uma atitude igual no pessoal médico.

* Faça todos os exames e testes que o médico pedir. Eles contem informações de que o médico necessita para fazer um diagnóstico correto. Sem as informações, os médicos tem que decidir no escuro e aumenta a probabilidade de prescreverem tratamentos errados. Os pacientes devem manter consigo as informações. Faça cópia dos laudos e dos resultados dos exames para mostrar em consultas futuras. ESSA SERIEDADE OBRIGA OS MÉDICOS A SEREM TAMBÉM MAIS SÉRIOS COM O PACIENTE;

* Todos devem se informar mais e melhor, mas quem tem nível educacional mais alto deve se informar mais. Conversem com os médicos. Alguns pacientes aprendem muito na internet.. Acompanhe os testes, busque os resultados e converse com o médico a respeito.

* Os remédios usualmente curam, mas se forem os remédios errados podem piorar a doença ou até matar. Pergunte ao médico o que é que o remédio faz, assim como possíveis efeitos colaterais. É importante se informar sobre efeitos colaterais e sobre interações com outros remédios. É grande o número de pessoas que morrem porque tomaram o remédio errado, ou pelos efeitos colaterais, ou porque tomaram dois remédios que não podem ser tomados juntos.

* Por isso, é importante que você escreva antes todos os remédios que você toma, inclusive os que não precisam de receita, até vitaminas e suplementos.

* Tome os remédios de acordo com as instruções, com muita atenção com o número de vezes que deve tomar o remédio e não mude a dose (exemplo de erro comum, que pode ser letal: o remédio que o médico receitou é de 5; está dando certo e vou tomar de dez ou vinte. ERRADO!!!). Você pode se matar aumentando ou diminuíndo a dose.

* Preste atenção à recomendação de tomar o remédio em certa situação - exemplos: com ou sem líquidos, com ou sem refeições etc. Há remédios que devem ser tomados às refeições e outros que não podem ser tomados às refeições.

* Pergunte e explique ao seu médico se você tiver dificuldade em tomar o remédio todas as vezes que são recomendadas, se é possível, por exemplo, tomar menos doses porém maiores. NUNCA FAÇA ISSO SEM CONSULTAR O MÉDICO.

* Se você tiver uma condição que impeça ou dificulte tomar esse remédio, diga ao médico.

* Se o remédio for caro demais para você, converse sobre isso com o médico. Ele poderá receitar outro remédio, mais barato; ou um genérico, que reduzem os custos.

* Se você tiver efeitos colaterais com um remédio, diga ao seu médico. E diga logo, não espere. Se você não disser, ele não tem como saber.

* Não pare de tomar um remédio sem que o médico concorde. Alguns remédios não podem ser parados de repente. Alguns exigem que tomem, pouco a pouco, doses menores e/ou menos frequentes até acabar. Outros exigem que se tome outro remédio para poder reduzir e terminar o que se está tomando. Não pense que você sabe essas coisas.

* Uma regra de ouro é nunca tome o remédio de outra pessoa nem dê seu remédio a outra pessoa. Isso é muito comum no Brasil e mata muita gente.

Um bom tratamento exige mais do que um bom médico - exige um bom paciente também.

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