A construção da necrópsia psicológica

Necrópsia Psicológica  é um conceito usado em pesquisas sobre o suicídio (mas pode ser aplicada a outras mortes). Usualmente é erroneamente chamado de psychological autopsy. O Los Angeles Medical Examiner's Office teria sido a primeira instituição a usar esse termo, em 1977.
É necrópsia porque a pessoa estudada já faleceu. É uma tentativa de reconstruir a personalidade do falecido, suas interações sociais, com freqüência objetivando identificar a causa mortis. Não há, ainda, regras estabelecidas para serem seguidas. Se diferencia de todas as demais técnicas porque o sujeito faleceu e não pode responder a perguntas. Usualmente se busca preencher um formulário sobre a vítima, seja através da necrópsia propriamente dita, seja através de entrevistas com pessoas que a conheciam, seja através de provas técnicas.  

    Para fins de orientação (e, do nosso ponto de vista, como pesquisadores) um formulário vai sendo preenchido por diversas fontes:

  • histórico de uso de drogas e de bebidas alcoólicas;
  • religião e religiosidade, assim como crenças religiosas ou místicas
  • vida estressante;
  • problemas para lidar com estresse;
  • histórico médico do suicida;
  • histórico médico da família do suicida;
  • situações recentes de estresse;
  • histórico militar do suicida;
  • histórico policial do suicida;
  • histórico ocupacional;
  • histórico educacional;
  • histórico sexual;
  • hábitos alimentares;
  • relações interpessoais (podem ser centrais ou não)
  • escritos do suicida (cartas deixadas, correspondência, poemas, diários etc.)
  • livros e música de propriedade do suicida;
  • web sites visitados pelo suicida;
  • telefonemas e outras comunicações do suicida, sobretudo as mais recentes com parentes, parceir@s, amig@s, pessoas relevantes como professor@s;
  • outras atividades importantes como hobbies e esportes;
  • obesidade;
  • inimigos, tanto antigos quanto recentes;
  • reações e descrições das pessoas mencionadas acima à morte, particularmente no que concerne o meio usado, avisos e ameaças;
  • avaliação do papel do suicida - inclusive ações e comunicações sub-intencionais, intenções ocultas e/ou inconscientes;
  • fantasias, sonhos, desejos, pensamentos, visões, medos, fobias;
  • mudanças de humor;
  • estado mental;
  • capacidade de se concentrar e tomar decisões acertadas
  • sequência de eventos que conduziram ao desfecho, não apenas no dia do suicídio.

  • Essa lista é parcial e inclui muitas condições que estão entre as relacionadas com suicídios e suas tentativas. Nenhuma lista para a "necrópsia psicológica" é estática. Ela vai se ampliando em resposta às pesquisas e ao aumento do conhecimento sobre o suicídio. Mudanças na sociedade devem ser incluídas - por exemplo, o estudo das interações do suicida, hoje, seria incompleto sem a internet.

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