Tal mãe, tal filho?




Uma equipe alemã, composta por Roselind Lieb,Thomas Bronisch, Michael Höfler, Andrea Schreier e Hans-Ulrich Wittchen, publicou interessante artigo sobre a relação entre suicidalidade materna e a suicidalidade dos filhos e filhas, publicando os resultados em "Maternal Suicidality and Risk of Suicidality in Offspring: Findings From a Community Study" Am J Psychiatry 162:9, September 2005. Estudaram 933 adolescentes para os quais havia informação direta sobre o diagnóstico das mães. A suicidalidade foi aferida através do Munich-Composite International Diagnostic Interview. Os resultados mostram que filhos e filhas de mães que tentaram o suicídio apresentam uma suicidalidade claramente mais elevada e também tendem a manifestar suicidalidade mais cedo do que filhos e filhas de mães que não tentaram o suicídio. Essa relação continua depois de controlados fatores como a depressão e outras psicopatologias. É um estudo baseado em questionário, com suas vantagens e limitações.

1. Já houve um período de duas semanas ou mais durante o qual você pensou muito a respeito da morte - a sua própria morte, a de mais alguém ou da morte em geral?
2. Já houve um período de duas semanas ou mais durante o qual você se sentiu como se quizesse morrer?
3. Já se sentiu para baixo que chegou a pensar em cometer suicídio?
4. Você alguma vez fez planos sobre como o faria?

As tentativas de suicídio foram aferidas diretamente: "você alguma vez tentou o suicídio?"


As mães foram divididas em três grupos: nenhuma suicidalidade (612), ideações suicidas (300) e tentaram o suicídio (21). Filhos e filhas foram dividos também nesses três grupos. Os filhos e filhas sem qualquer suicidalidade representavam 68% das mães sem suicidalidade, 57% das mães que tiveram ideações suicidas e apenas 29% das mães que tentaram o suicídio.

Os filhos e filhas de mães com ideações suicidas tinham uma razão de risco 5,1 vezes a dos filhos e filhas sem suicidalidade e os filhos e filhas de mães que tentaram o suicídio tinham uma razão de risco nove vezes mais alta!

Esses resultados nos ensinam muito sobre a prevenção do suicídio em adolescentes: é necessário acompanhar de perto aqueles cujas mães têm ideações suicidas e muito mais de perto aqueles cujas mães tentaram o suicídio.

Não obstante, esse tipo de informação, indispensável para a prevenção do suicídio de adolescentes, não existe no Brasil.

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