O Omega-3 e seus efeitos sobre a depressão e as desordens bipolares





O Omega-3 entrou na mídia há muito tempo, mas foi em 1966 que o Journal of the American Medical Association publicou um artigo sobre a prevalência de depressão em dez países. Variava muito, de uma país para outro. Em Taiwan, uma ilha industrialisada, 1,5 de cada 100 adultos teve depressão em algum momento da sua vida, mas na conturbada Beirute, a taxa dera de 19 por 100. Ou seja, havia aspectos macro que deveriam ser levados em consideração. Em 1998, a revista The Lancet publicou um artigo estabelecendo a ponte entre o macro e o micro: povos que consumiam mais óleo de peixe tinham menos depressão. Porém, a transição do nível macro para o micro não é fácil. Os países que consumiam mais óleo de peixe tinham outras coisas que os diferenciavam dos que consumiam menos, inclusive genéticas, uma vez que vários desses países eram orientais. Em 1999, foi a vez da Universidade de Harvard publicar um estudo relacionando diretamente o consumo de óleo de peixe com prevenção e controle da bipolaridade. Em 2003 outra pesquisa foi publicada, desta vez no American Journal of Psychiatry, usou mais  dados epidemiológicos relatando uma forte correlação entre o consumo de peixe e outros produtos do mar e desordens bipolares encontrando uma forte correlação negativa - quanto maior o consumo de peixe, menor a prevalência de bipolaridade. 

    O que é que há no óleo de peixe? O Omega-3, um polyunsaturated fatty acid que também se pode achar em alguns vegetais, como o óleo de linhaça. O pesquisador Joseph Hibbeln introduziu uma dimensão histórica, afirmando que hoje em dia consumimos menos óleo de peixe e omega-3 do que em tempos passados. As conclusões de Hibbeln, publicadas no New York Times e reproduzidas na fonte especializada que levo ao conhecimento de vocês.


  • macaquinhos que tomam a mamadeira com suplemento de omega-3 ficam mais fotes e alertas em apenas uma semana do que macaquinhos que só tomavam a mamadeira convencional.

  • As depressões são 60 vezes mais altas na Nova Zelândia, onde o consumo médio de peixe é de  24 quilos em comparação com o Japão, onde são consumidos anualmente 90 quilos de peixe por pessoa.

  • A depressão póstparto é 50 vezes mais alta em países com baixos níveis de consumo de peixe. Durante a gravidez as mães transferem os fatty acids para os fetos e ficam com níveis muito baixo- daí a necessidade de suplementos ou de aumentar o consumo de peixe.

  • Omega-3 parece ser fundamental para o crescimento e a manutenção de células do cérebro, particularmente as membranas celulares. 

  • Quando falta omega-3 nosso corpo usa omega-6, que produz membranas celulares menos adequadas, menos capazes de lidar com as informações neuro-transmitidas.

    Os autores da informação analisaram os artigos publicados em Medline sobre o tema e vários mostravam que pacientes com depressão tinham baixos níveis de omega-3 no sangue, nas membranas celulares e no cérebro, o que leva à hipótese de que o insumo de omega-3 pode ajudar a reverter o processo. O estudo de 1999 feito em Harvard foi pequeno, com 30 bipolares. Desses, 22 tomavam alguma medicação.  Esse estudo foi chamado de O Omega-3 Bipolar Disorder Study. Metade deles tomou 9,6 gramas de óleo de peixe diáriamente e a outra metade tomou óleo de oliva. Andrew Stoll, que dirigiu a pesquisa, afirmou que o estudo deveria durar nove meses, mas foi interrompido depois de apenas quatro porque os resultados eram muito bons e queriam beneficiar também os pacientes que estavam tomando óleo de oliva. O grupo omega-3 teve resultados muito melhores do que os controles no que concerne a depressão. Porém, as doses eram muito altas, 9,6 gramas diárias de cápsulas de óleo de peixe e, como esperado, tiveram efeitos colaterais, sobretudo náusea e diarréia.


Outras pesquisas sobre Omega-3 Depressão e Desordem Bipolar

O que incluem?

  • O ácido eicosapentaenoico (EPA), um dos ingredientes ativos do omega-3 está sendo estudado. Uma pesquisa feita em Israel com um número pequeno de pacientes (20) com depressão séria concluiu que, em três semanas, o "grupo EPA" mostrava grandes melhoras em comparação com o grupo controle.

  • Em 2001, 70 pacientes com depressão que não melhoraram com outros tratamentos foram divididos em três grupos para ver qual a dose adequada de EPA (1, 2, 3 ou 4 gramas por dia) ou um placebo (grupo controle). Seis dos 52 pacientes tomando EPA desistiram antes das12  semanas. O grupo que tomava apenas uma grama teve "melhoras dramáticas", mas os demais tiveram melhoras menores. É surpreendente porque, em outro estudo, mas com bipolares, a melhoria foi obtida com doses muito mais altas. weeks.

  • Não obstante, uma pesquisa do Finnish/National Cancer Institute com 29,133 homens, de 50 a 69 anos, concluiu que não havia associação entre o consumo de omega-3 ou de peixe e depressão, episódios depressivos sérios ou suicidio.

  • Já um estudo feito em 2003, com 28 pacientes Chineses com depressão séria concluiu que o consumo de 9.6 gramas por dia de omega-3 provocou uma redução significativa nos escores de depressão (usando a escala de Hamilton) depois de oito semanas.

Sobre o Omega-3

    Idealmente, deveríamos escolher bem o peixe que comemos. Peixe do mar seria melhor do que peixe criado artificialmente. Não é arbitrário. As algas trazem o omega-3, que sobe a cadeia alimentícia e entra nos peixes do mar, ao passo que os peixes criados são alimentados com grãos, sem algas.
    Omega-3 é anticoagulante, mais seu efeito é bem menor do que o da aspirina, sem falar na coumadina. Isso deve ser levado em consideração. Para regular tudo isso, deveríamos ter uma equipe que incluísse um(a) nutricionista competente, mas essa é uma ave raríssima no Brasil.




 


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