Ondas de suicídio em instituições

Quando analisamos países, estados e regiões metropolitanas, os suicídios seguem fielmente a Lei dos grandes números: sendo fenômenos estáveis, ano trás ano as taxas são relativamente estáveis, aumentam um pouco, descem um pouco. Em ambientes limitados, não obstante, há redes de informação e de influência e alguns eventos podem provocar alterações significativas nas taxas. Isso significa que dentro de instituições podem acontecer ondas de suicídio.  A empresa France Telecom enfrenta esse problema.
A empresa responderá com câmaras de televisão (circuito interno) e aconselhamento psicológico. Desde o início de 2008, houve 22 suicídios e 13 tentativas.

O homem forte da instituição, Didier Lombard, fez do controle dos suicídios uma das prioridades da empresa.
A empresa era, talvez, típica das estatais francesas, com muitas proteções e privilégios para seus funcionários. Em diversos países da Europa havia empresas assim (como há no Brasil): seus funcionários tinham garantias e privilégios que o resto da cidadania não tinha. Esses benefícios não saem de graça: lembro-me de uma propaganda da United Airlines que li em 1989: comparava o custo do passageiro/milha que ela transportava com o de várias européias, quase todas estatais ou protegidas pelo estado. O custo do passageiro/milha da United era a metade. Podendo oferecer lugares por preços muito menores, as empresas americanas foram "barradas" do mercado europeu que restringia o transporte dentro da Europa. Os passageiros não gostavam de pagar mais e quando houve uma reestruturação da economia mundial várias empresas estatais e não estatais européias de transportes aéreos foram à falência. Depois de 11/09/2001 o fenômeno se generalizou.

O choque provocado pela abertura dos mercados não afetou, apenas, as empresas aéreas. Outras áreas foram abertas à competição e empresas que protegiam (em excesso, segundo os críticos) seus trabalhadores tiveram que cortar benefícios para enfrentar a competição. Segundo seu sindicato, foi o que aconteceu com a France Telecom e é o que explica a "onda"  de suicídios. Note-se que, com  100 mil empregados, as taxas não são altas se comparadas com as das populações nacionais de países europeus. O problema reside em que elas eram mais baixas e aumentaram. Há, portanto, uma onda de suicídios naquela instituição.

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