Enfrentando o trauma do suicídio e tentativas

A Universidade de Harvard tem uma publicação, <i>Healthbeat</i>, de onde tirei algumas idéias e conselhos, adaptando-os.
Em seu último número tratou de "grief", sentimento de perda que não necessita se referir apenas a morte, mas inclui outras perdas. Orienta pessoas que enfrentam (ão) a dor de uma perda, que pode se ampliar por muito tempo. Certamente se aplica pessoas que perderam um parente ou amigo para a violência suicida, ou que foram assaltados com violência, ou que ficaram traumatizados. Sublinha que os detalhes da vida passam a ser difíceis de superar, inclusive levantar da cama, resolver problemas que, no Brasil, consomem muito tempo e são penosos etc. Alguns parecem, também, irrelevantes e acabamos empurrando muitos com a barriga. Porém, os problemas não desaparecem e ficam lá esperando, às vezes crescendo. Não obstante, esse é um momento de abandonar temporariamente as coisas e preocupações não vitais e um dos problemas é saber discernir o que é importante do que não é. O importante é concentrar seus esforços em si mesmo e superar essa etapa.

Comece com uma boa nutrição. Nada de se encher de calorias. Tome muitos líquidos, sucos, chá verde. Evite as bebidas alcoólicas. Se não tiver apetite, tente comidas mais simples, como sopas, frutas, alguns pratos de massa. Como pouco, mas coma muitas vezes. Não encha a barriga de uma só vez. Vale a pena tomar um complexo multivitamínico de um bom fabricante. Continue tomando seus remédios, não os abandone. Se a barra estiver pesada, fale com seu médico, preferivelmente um psiquiatra, e veja se é o caso de tomar um ansiolítico ou um anti-depressivo. Esses remédios podem ajudar muitas pessoas, mas não se auto-medique.

Não deixe de dormir! A dor e a perda são muito cansativas. Durma às horas certas e se necessário cochile meia hora depois do almoço. Não se esqueça de exercitar - ajuda tudo, inclusive a dormir (mas não se exercite nas duas horas antes de dormir). Esqueça café e cafeína das 14hs em diante. E nem pensar em beber, sobretudo perto da hora de dormir. Remédios para ajudar a dormir podem ajudar, mas durante um período curto, que pode ser exatamente quando você precisa. Dormir bem faz com que você enfrente melhor os problemas do dia seguinte.

Falar em exercício com quem está de luto ou teve outro tipo de perda pode parecer irreal, mas é exatamente o que temos que fazer. Andar, correr, andar de bicicleta ou malhar podem reduzir a ansiedade, a raiva, a depressão e muito mais. O exercício pode distrair. Se necessário, veja TV enquanto se exercita numa esteira ou numa bicicleta ergométrica.

Busque amigos. Mesmo que não conversem muito, a simples presença de um amigo ou amiga já pode ajudar muito. Dá para juntar as duas coisas, marcand, fazendo e honrando um compromisso de, por exemplo, andar juntos umas quantas vezes por semana. Falando e botando para fora, ou guardando, andar na companhia de uma pessoa amiga ajuda muito.

Muita gente faz coisas perigosas, como beber muito, consumir drogas, entrar no mar forte etc. Causam mais mal do que bem e o mal que podem causar é muito grande.

Técnicas para aliviar o estresse, como yoga, meditação, relaxamento, oração ajudam muito e devemos nos forçar a usá-las. Na maioria dos casos funcionam e ajudam. Não tome decisões muito importantes: esse é um período ruim para tomá-las. Alguns sugerem esperar seis meses ou um ano até mudar de residência, deixar o trabalho, ou casar.

Pergunte: o que eu gostaria de fazer hoje por mim e para mim, e faça. Se precisa chorar, chore. Se precisa de um retiro, faça. Se está zangado, expresse sua raiva - mas não para cima de qualquer pessoa.

Finalmente, lembre-se de que há pessoas treinadas e competentes que podem ajudá-lo(a) a superar essa fase. Ajuda saber, de antemão, quem é competente e sabe fazê-lo.

A gente sofre, sim, mas o sofrimento diminui ou acaba, e podemos fazer muito para reduzir o sofrimento e a dor.

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