O uso prolongado da maconha e o funcionamento cognitivo.

Em 2002 foram publicados os resultados de uma pesquisa sobre o consumo prolongado da maconha e o funcionamento cognitivo dos usuários. A pesquisa foi feita em três lugares (Seattle, Farmington e Miami) entre pessoas que queriam controlar o hábito. Eram mais de cem usuários quase-diários, metade com muitos anos de uso (média de 23,9 anos) e metade com menos tempo de uso (10,2 anos). Muitos usuários se surpreendem quando descobrem que usam maconha há mais tempo do que acreditavam. O objetivo era saber se os usuários de muito tempo tinham mais problemas cognitivos do que os usuários de menos tempo (mas, mesmo assim, na média de mais de dez anos). Como grupo controle foram usados 33 não usuários.

Foram usadas nove medidas padronizadas neuropsicológicas de atenção, memória e funcionalidade na execução de tarefas. Todos foram fizeram os testes tanto no antes quando depois de um programa de tratamento.
Os usuários mais antigos se saíram claramente pior do que os menos antigos e do que os controles nos testes de memória e de atenção. Os usuários mais antigos se lembravam de menos palavras do que os menos antigos e do que os não usuários. Tinham, também, mais dificuldade em aprender, reter e buscar conhecimento. Os usuários há mais tempo também tinham dificuldade com a dimensão do tempo, não conseguindo estimar corretamente o tempo transcorrido. É interessante que o tempo de uso se correlacionava claramente com os distúrbios cognitivos, mas não com a crise de abstinência. Essas diferenças persistiam, mesmo controlando por uso recente e pelo uso de outras drogas. Até onde os dados acompanharam esses grupos, algumas deficiências e as diferenças no que concerne as deficiências estavam lá para ficar. A conclusão é de que o uso da maconha durante muito tempo conduz a deficiências na memória e na atenção que permanecem mesmo depois de interrompido o consumo. Algumas funções parecem recuperáveis; outras não.

Fonte: Cognitive Functioning of Long-term Heavy Cannabis Users Seeking Treatment, Nadia Solowi;
Robert S. Stephens;
Roger A. Roffman;
Thomas Babor;
Ronald Kadden;
Michael Miller;
Kenneth Christiansen;
Bonnie McRee;
Janice Vendetti. JAMA, 2002; 287:1123-1131.




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