Você pode lutar contra o câncer da próstata

Na luta contra o câncer da próstata é comum termos uma sensação de impotência, de que não há nada que possamos fazer.

Mas há. A Síndrome Metabólica depende de nós. São conhecidos fatores de risco que aumentam o risco de derrames, de doença coronária, de diabetes (tipo 2). Quando alguns desses fatores ocorrem juntos, temos a Síndrome Metabólica, SM. 

Infelizmente, a SM é cada vez mais comum em muitos, muitos países, inclusive no Brasil. Pode ter uma ou muitas causas, mas todas estão vinculadas à obesidade, algo que o paciente pode controlar. Nem sempre é fácil, particularmente quando os medicamentos que o paciente toma produzem fadiga. A escolha, infelizmente, é obrigatória: ou se exercita, “contra viento y marea”, e controla o peso, ou o risco de vários fatores negativos vinculados ao câncer aumenta.

E quais são os fatores de risco para a própria Síndrome Metabólica?

Ter excesso de peso, cuja distribuição conta: peso na barriga, de maneira que seu corpo tem forma de pera, é o pior indicador.

O segundo fator mais importante é a resistência à insulina, que controla quanto açúcar temos no corpo. Se ela não funciona bem, aumenta o açúcar no sangue e a gordura no corpo.

A idade se relaciona com a Síndrome Metabólica. Quanto mais velhos, menos exercício, as vezes maior desleixo na dieta e na atividade física.

A falta de exercício por si só é um fator de risco para a SM. Algumas mudanças hormonais, sejam decorrência da idade ou do tratamento hormonal, conspiram para aumentar a SM e há fatores genéticos jogando um importante papel.

Há dois problemas que podem caracterizar a Síndrome Metabólica ou torna-la mais grave: uma coagulação excessiva e níveis altos de substâncias que indicam inflamação no seu corpo.

Tenho ou não tenho SM?

Os médicos americanos, acostumados a trabalhar com indicadores e escalas, definem a SM a partir de sinalizadores. Três ou mais sinalizadores indicam SM:

  1. 1. Pressão sanguínea igual ou maior do que 130/85 mmHg;
  2. 2. Açúcar (glucose) no sangue. Quando em jejum, não deve chegar a 100 mg/dL;
  3. 3. A barriga, medida como se usássemos um cinto, não deve chegar a 40 polegadas, ou 101,6 centímetros, no caso de homens, ou 35 polegadas, o mesmo que 88,9 centímetros, no caso de mulheres. Se chegar, conta ponto para a SM;
  4. 4. Se os triglicerídeos chegarem a 150 mg/dL, também conta ponto;
  5. 5. O “bom” colesterol (HDL) não deve ser baixo: se for abaixo de 40 mg/dL para homens u 50 mg/dL para mulheres, também conta ponto.

 

Tres ou mais desses indicadores definem você como tendo a Síndrome Metabólica. Esses indicadores se correlacionam, mas não tanto. Há pressão alta sem barriga e vice-versa; há glucose alta sem HDL baixo e assim por diante.

Por que escrevi este post?

Por duas razões: entre os pacientes de câncer da próstata, a SM faz muita diferença. Tomemos uma dos principais indicadores da virulência do câncer: o escore Gleason. A razão de risco entre os pacientes que tinham SM e os que não tinham era de 1,44 (os caracterizados como tendo SM tinham Gleason mais alto); essa  mesma razão no caso de canceres avançados era de 1,37 e no que concerne a “volta” do PSA, chamado também de fracasso bioquímico, a razão de risco era de 2,06 – mais do que dobrava o risco de ver que o câncer não fora curado. Outros parâmetros que medem a agressividade ou o avanço do câncer variam com a SM.

A segunda razão é que está dentro no nosso alcance controlar esses fatores, ficar abaixo da Síndrome Metabólica. Acreditem, eu sei como é difícil fazer isso, particularmente quando fazemos tratamento (anti)hormonal. Porém, é possível. Exige, sim, muito esforço e dedicação, mas é uma das poucas coisas sobre as quais podemos ter controle físico. As entravas são psicológicas e culturais.

É possível combater a besta. Só depende de nós.

Leia mais:

Xiang YZ, Xiong H, Cui ZL, Jiang SB, Xia QH, Zhao Y, Li GB, Jin XB., em J Exp Clin Cancer Res. 2013 Feb 13;32(1):9.

 

GLÁUCIO SOARES                    IESP-UERJ

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