Suicídios na Polônia

Uma pesquisa sobre suicídios na Polônia cobrindo três décadas (1951 a 1982) mostra alguns resultados confirmatórios do revelado por outras pesquisas:

• A taxa de suicídio de mulheres é inferior à dos homens. A razão entre suicídios masculinos e femininos é alta, sendo a razão comparativamente alta, 5:1; a razão equivalente, no Brasil, de 1980 a 2010 é mais baixa: 3,4:1.
• A taxa rural é mais alta do que a urbana, o que contraria a visão, hoje tradicional, da urbanização (e da industrialização) como forças desagregadoras. É uma tendência que vem sendo confirmada por dados empíricos desde 1970. Porém, a população rural é muito diversa, incluindo pequenos proprietários, grandes proprietários, trabalhadores rurais e muitas outras. As taxas de suicídio dessas categorias ocupacionais variam muito entre si. 
• Quais são as mais altas?  As de trabalhadores agrícolas, madeireiros e outros que trabalham diretamente com a terra ou em várias ocupações localizadas em áreas rurais – mas não fazendeiros e pequenos proprietários. A autora atribui o excedente da taxa de suicídios à solidão e ao isolamento que considera ser muito opressivo em caso de perda de familiares. Ou seja, a viuvez aumenta temporariamente a vulnerabilidade ao suicídio, mas esse aumento é mais sentido nas zonas rurais, particularmente nas profissões em que a família está ausente, devido à escassez de apoio social de pessoas íntimas.

A autora informa que nos últimos trinta anos o número de suicídios aumentou cerca de duzentos por cento e atribui isso às variações na integração social que se reduz durante crises sociais. Várias possibilidades explicativas surgem. Não obstante, há colinearidade entre elas: o fim da proteção social do sistema socialista, envelhecimento da população e mudanças em outras políticas públicas relevantes, como as relacionadas com o consumo de álcool.

Pesquisa conduzida por Maria Jarosz, publicada em Social Indicators Research, Volume 16, Number 4, 449-464.

GLÁUCIO ARY DILLON SOARES     IESP/UERJ