Sobre favelas e pacificações


Recebido do Zeca Borges
Caras e caros,
Apesar de encher a caixa postal de vocês repassando boas notícias sobre a nossa cidade, raramente faço comentários. Após a retomada da Rocinha não resisti fazer um.
Recordar é viver. Três anos atrás deu-se o início do fim do controle territorial armado pelo D. Marta (Zona Sul, 5 mil moradores e controlada pelo tráfico), Cidade de Deus (Zona Oeste, 40 mil moradores e controlada pelo tráfico) e Batan (Zona Oeste, 50 mil moradores e controlada pela milícia).
A reação de alguns foi de descrédito “pois focava só em uma pequena favela da Zona Sul”, como se CDD e Batan não o tivessem sido (ou seria por desconhecerem que existe uma Zona Oeste no Rio?).
Ao final do ano seguinte praticamente toda Zona Sul, com exceção de Rocinha, havia sido pacificada. Apesar disso a soma de TODOS os moradores destas favelas era equivalente a “uma CDD” ou “um Batan”.
A reação de alguns continuou sendo de descrédito dizendo que era um projeto elitista SÓ para a Zona Sul (ignorando o fato de 2/3 das pessoas libertadas eram da Zona Oeste e a explicação da importância de pacificar regiões onde se encontravam mais de 50% dos empregos formais da cidade) e que duvidavam que fosse expandido para a Zona Norte.
Um ano depois, ainda antes da tomada do Alemão, praticamente TODO início da Zona Norte havia sido pacificado.
A reação de alguns continuou sendo de descrédito dizendo que eram todas pequenas (???), e que seria impossível retomar as grandes favelas (Alemão, Rocinha e Maré).
Ao final do ano passado também o Alemão estava retomado e, portanto, em APENAS DOIS ANOS cerca de 25% da população oprimida pelas armas durante décadas haviam readquirido o direito de ir e vir.
Mais uma vez o descrédito de alguns dizendo que o objetivo era somente ter certeza que as Olimpíadas transcorreriam em paz – insinuando que depois das mesmas a polícia sairia destes locais – (NOTA: me fascina este argumento, pois a pacificação começou quase UM ANO ANTES do Rio ter sido ESCOLHIDO como sede das Olimpíadas. Haja visão....). Outras teorias davam conta de um acordo para só atacar as favelas do Comando Vermelho; que NADA foi feito contra os milicianos (e o Batan? E a prisão de dezenas de milicianos e centenas de PMs da banda podre – aliás iniciada muito antes de uma conhecida CPI das milícias?), nem na Zona Oeste (realmente SÓ 40% dos libertados eram moradores da Zona Oeste...), que iria parar após as eleições E que duvidavam que fosse possível retomar as duas grandes que faltavam (Rocinha e Maré).
Agora estamos completando o terceiro ano da política de pacificação com a retomada da “inexpugnável” Rocinha (aliás, para quem não sabe, dominada pela ADA e não CV) SEM um tiro sequer. Aliás, só houve tiros, sem fatalidades, no D. Marta e na Vila Cruzeiro (no Cantagalo houve atos de terrorismo com o incêndio de um ônibus), fato que os descrentes diziam ser impossível (NOTA: muito se pergunta para onde vão os bandidos que saem correndo como frouxos. Primeiro vamos lembrar que são poucos, diante do número de pessoas envolvidas com o tráfico e milícias. Muitos deles já foram capturados – incluindo gente graúda como os recentes Nem, Coelho, Peixe, etc. - , outros morreram em outros locais – dentro e fora da cidade, e alguns se exilaram até no Paraguai. NENHUM RECONSTRUIU seu “controle territorial armado” em qualquer outro lugar),
Depois de três anos da política de pacificação perto de 50% das ÁREAS com violento controle territorial armado (que NENHUMA relação tem com a contagem de favelas do IPP, para frustração de alguns que usavam este número para tentar demonstrar que era impossível pacificar nossa cidade) e cerca de 45% dos moradores, e duas das três grandes favelas (só falta a Maré que muito provavelmente, para alegria da maioria dos moradores, estará livre até o final do ano que vem) AGORA ESTÃO LIVRES (logo, perfeitamente dentro do cronograma de pacificar toda a cidade até o final de 2014). Além disso, os índices de letalidade (homicídios, latrocínios, autos de resistência e outras formas de mortes violentas) e roubos de carros (cobrem da sua seguradora!!!) têm caído constantemente e em valores significativos na nossa cidade nos últimos três anos, em especial nas áreas pacificadas e seus entornos.
Portanto, EU PEÇO PERDÃO aos pessimistas, descrentes, céticos, “do contra”, criadores de “teorias de conspiração”, ou apenas mal-humorados, MAS se a política de pacificação e sua estratégia de implantação estão erradas, então viva o erro !!! Eu prefiro me juntar a maioria dos cariocas, em especial aos que tiveram restituídos o seu direito de ir e vir, ou passaram a ter a esperança de serem libertados, e dar parabéns e agradecer aos envolvidos. Como diria o Ancelmo: EU APOIO!!
Viva o Rio !
(De um amigo do Disque-Denúncia, que nos orienta com sua experiência e sabedoria)

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