Cresce a importância dos avôs e das avós

Crianças e adolescentes que crescem sem os dois pais biológicos têm algumas desvantagens em relação às demais – na média. Uma pesquisa recente com mais de mil e quinhentas crianças e adolescentes (11 a 16 anos) que estudavam em escolas da Inglaterra e do País de Gales revelou que a função dos avós cresce entre crianças que vivem com apenas um dos pais biológicos ou com uma família reconstituída, com o pai ou a mãe biológica e um padrasto ou uma madrasta. A pesquisa foi dirigida por Shalhevet Attar-Schwartz, da The Hebrew University em Jerusalém.



Muitos estudos demonstraram que crianças e adolescentes têm mais contacto com a família da mãe do que com a do pai. Esses dados refletem em parte o fato de que a maioria delas vive com a mãe depois da separação ou divórcio. Os contactos são mais freqüentes e profundos com a avó do que com o avô.
Na pesquisa de Attar-Schwartz, dois terços viviam com os dois pais biológicos, mas 18% viviam com apenas um deles e outros 16% viviam com um deles e um padrasto ou madrasta. O efeito benéfico do contacto com os avôs e avós é maior nos dois últimos grupos.
Os jovens que mais conversavam com avôs e avós sobre seus problemas – tanto pessoais, quanto os relativos à escola – que recebiam conselhos e até os que sentiam que podiam pedir uma graninha, tinham menos problemas na escola, perturbavam menos os demais e eram menos hiperativos. Num modelo que soma zero, o apoio dos avôs e avós cresce de importância na medida em que o de um ou dos dois pais biológicos decresce.
Mas não é só por isso. Avanço a hipótese de que as próprias crianças e adolescentes buscam mais os avós quando falta esse relacionamento na família incompleta ou na reconstituída. Essa hipótese não parte do suposto de que o quantum dessas necessidades psicológicas seja fixo, inelástico, mas que existe em todos em maior ou menor medida.
Avôs e avós não devem ficar de fora nem da teoria nem da prática da educação ou da prevenção da criminalidade juvenil: em 2004, nos Estados Unidos, havia cinco milhões de residências na qual morava um avô ou uma avó e pelo menos um neto ou neta de menos de 18 anos. É um crescimento de 30% em relação a 1990. Vamos além: aproximadamente a metade (dois milhões e quatrocentos mil) desses avôs e avós era a pessoa responsável pela criança ou adolescente.
As mudanças na estrutura familiar trouxeram de volta à relevância para a educação de crianças e adolescentes os avôs e avós. Em algumas áreas, a opção para o tempo livre da criança de mãe solteira ou descasada pode ser entre ficar sob a supervisão do “vô” ou da “vó” ou ficar solto, na rua, à disposição do tráfico e de outras organizações criminosas. É um campo pouco pesquisado no Brasil.
Redação de Gláucio Ary Dillon Soares a partir de release da American Psychological Association.

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