A arma que te protege é a mesma que te mata









Há no Brasil, anualmente, arredondando, 50 mil homicídios e 10 mil suicídios; muitas vidas seriam salvas caso implementássemos uma política eficiente de
controle de armas de fogo.Os argumentos contrários são conhecidos: quando a população está desarmada, os bandidos são os únicos armados etc. De acordo com esse raciocínio, uma arma em casa daria às famílias honestas melhores condições para enfrentar possíveis assaltantes. Muitas famílias, particularmente a esposa e os filhos, se sentiriam mais seguros pois a mão carinhosa de marido e pai seria também a mão enérgica que as protegeria. Nessa ótica o único uso da arma numa casa seria matar um eventual assaltante.

Porém é apenas um argumento e a realidade é muito diferente
: para cada vez que uma arma doméstica é usada para matar um assaltante dentro da casa, ela mata muitas pessoas que vivem na casa ou a visitam legitimamente.

A presença de uma arma numa residência aumenta muito

  • a probabilidade de que alguém se suicide;

  • a probabilidade de que alguém mate alguém, - um homicídio -

  • e multiplica a probabilidade de acidentes letais.

Irônicamente, o grande problema das armas de fogo é a sua eficiência: elas são muito mais eficientes que as demais armas convencionais. Quando há um conflito entre marido e mulher e uma arma é usada, se ela fôr de fogo a probabilidade de que alguém morra é multiplicada (em uma pesquisa, por doze).

A arma de fogo em casa não é uma proteção, é uma ameaça.

No Brasil, dois em cada três homicídios são cometidos com uma arma de fogo. O argumento de que quem quer matar ou se suicidar ou faz com qualquer arma é cientificamente errado:
primeiro, porque muitos homicidas e suicidas em potencial desistem de seus planos se não encontram uma arma na hora;
segundo, porque, mesmo os que não encontrando armas de fogo não desistem do suicídio e buscam outra arma, porque as demais armas convencionais são menos eficientes.

Portanto, a inexistência de armas de fogo salva vidas humanas de duas maneiras:

  • através da desistência de homicidas e suicidas em potencial e

  • através do uso de armas menos eficientes.

Arredondando, há cada ano perto de 35 mil mortes por armas de fogo no Brasil. A grande maioria está em mãos de pessoas que não tem obrigação profissional de andar armados, isto é, não são militares, policiais ou seguranças. Quantas mortes seriam evitadas através de políticas públicas é uma questão aberta. Evidentemente, quanto mais radical e mais eficiente a política pública (leia-se: Quanto mais armas retiradas de circulação) maior o número de mortes evitadas.

A legislação e a sua implementação fazem diferença. Em Seattle, no Estado de
Washington, nos Estados Unidos, em Vancouver, no Estado de British Columbia no Canadá, são cidades muito próximas, vizinhas. Há, um intenso trânsito entre as duas não obstante, as leis canadenses são muito mais duras em relação ao porte propriedade, compra e venda de armas de fogo, do que nos dado de Washington. A taxa de homicídio em Seattle é 65% mais alta do que em Vancouver. Outros estudos demonstram a eficiência das medidas adotadas comparando as estatísticas antes e depois da sua adoção.

O homicídio é um crime jovem cada vez mais jovem. Estamos numa situação limites na qual adolescentes matam adolescentes e crianças começam a matar crianças. A presença de armas nas escolas americanas atingiu níveis críticos e o resultado, esperado, foi o crescimento da violência, inclusive da violência letal dentro das escolas. Uma medida simples, os detetores de metais, reduzem dramático na violência nas escolas.
Detectores de metais são usados comumente em aeroportos e na entrada de edifícios públicos, bancos e outras instituições. Eles passaram a ser parte do cotidiano dos viajantes., muitos dos quais os aceitam como medidas para sua própria proteção. Afinal, não estão tão longe os tempos em que terroristas de diversas orientações políticas e religiosas seqüestravam aviões as batidas e buscando motoristas não habilitados também são parte do cenário urbano em muitas cidades e têm contribuído para retirar de circulação um muitos motoristas não habilitados, forçando outros a buscar a habilitação.
Porque não usar detetores móveis de metais que custam apenas R$ 400,00 cada um (há outros, menos confiáveis, que custam menos de R$ 200,00) nos pontos de alto risco de homicídio? Porque não realizar blitze em busca de armas usando detetores de metais, que eliminam a necessidade de revista pessoal, o infame baculejo?

Talvez poucos tenham pesado nessas medidas e é possível que muitos ofereçam resistência a elas. Essas reações estão alicerçadas no fato de que ainda não consideramos o homicídio como um sério problema de saúde pública. Porém as mortes violentas são a causa de morte de homens jovens n.º 1. A redução será rápida quando o risco, para o portador ilegal de aramas, for definido como alto for percebido como alto uma quantidade cada vez menor de armas será levadas às ruas e pelo menos um tipo de homicídio, que é muito freqüente, será evitado, o que ocorre entre conhecidos que ocorre nos fins de semana, em bares, botecos,etc. Milhares serão evitados com algumas medidas que tem ajudado a diminuir o problema:

Assaltos com armas de fogo devem receber pena adicional;
Precisamos de campanhas escolares e públicas dentro e fora particularmente
precisamos de campanhas públicas para desarmar os lares. É no lar onde um
número considerável de mortes com armas de fogo acontece.

Infelizmente, a arma que te protege é a mesma que te mata.



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