Altitude e suicídio

Um fator estatisticamente relacionado com as taxas de suicídio é a altitude. É uma relação demonstrada, mas não explicada.

Correlação espúria? Pode ser, mas ela se repete todos os anos. Renshaw, da Universidade de Utah, sublinha que os estados com maior nível de altitude, também são os com mais altas taxas de suicídio. Estão localizados, predominantemente, no Oeste americano.

Montana, Idaho, Wyoming, Utah, Colorado, Nevada, New Mexico, Arizona e Oregon, todos no Oeste e todos elevados, estão entre os dez estados com taxas mais altas de suicídio: nove dos dez... A grande pergunta, ainda não respondida, é se a altitude é, apenas, uma indicadora de outras variáveis, uma “proxy” delas. Em parte, nossa tradição de explicar o suicídio através de variáveis sociais e demográficas explica nossa dificuldade em aceitar explicações de outra ordem.

Os autores buscaram indicadores de outras variáveis, associadas com a altitude. Não obstante, o efeito da altitude permaneceu depois que o efeito dessas variáveis foram neutralizados (controlados, no linguajar metodológico).

Os dados usados por Renshaw vieram do renomado U.S. Centers for Disease Control and Prevention (CDC) cobrindo 3.108 condados de 48 estados e o DC., District of Columbia. Há, também, explicações fisiológicas, como o estresse metabólico, derivado do insumo insuficiente de oxigênio (hipoxia), que afetaria muito pessoas com doenças mentais e uma predisposição documentada para o suicídio. Exemplificando: pessoas com depressão que vivem em lugares altos teriam predisposição maior ao suicídio do que as que vivem em lugares baixos ou no nível do mar.

Foram controlados fatores que estão – demonstradamente – relacionados ao suicídio como a propriedade de armas de fogo (o Oeste é a região com taxa mais alta) ou a densidade da população (naquela região as taxas de suicídio são mais elevadas nas zonas rurais).

Mais uma explicação que requer explicação...


Escrito por Gláucio Soares com base em resumo dos resultados da pesquisa

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