A depressão mata homens idosos

A depressão parece afetar mais homens do que mulheres, mas não se trata de uma generalização acima de qualquer dúvida porque homens e mulheres expressam problemas, em geral, e depressão, em particular, de maneira muito diferente. Fica, portanto, a dúvida: há realmente mais mulheres deprimidas ou as mulheres, simplesmente, expressam mais a depressão e seguram menos os seus sintomas?

Diferenças entre os sexos à parte, seis milhões de homens sofrem de depressão nos Estados Unidos. No Brasil, o número é desconhecido.

A depressão aumenta o risco de morte. Uma pesquisa feita na Austrália revelou que a depressão não tratada – particularmente em homens idosos – aumenta o risco de morte.

O pesquisador principal tem um nome bem brasileiro (ou português): Osvaldo Almeida; com sua equipe, acompanhou mais de cinco mil homens com mais de 68 anos de idade. Por que idosos? Porque mais de um em dez homens idosos sofre de depressão. As diferenças na esperança de vida entre os que se tratam e os que não se tratam são grandes. Não obstante, mesmo entre os que se tratam, há problemas. O tratamento não é seguido à risca ou é abandonado, o primeiro medicamento não funciona ou produz efeitos colaterais e não tentam um segundo etc. Não obstante, é preciso insistir ainda que metade dos idosos que tentam lidar com a depressão com medicamentos e/ou psicoterapia não responda.

Por quê?

Porque o grupo que reúne todos os que não se tratam bem tem um risco de morte substancialmente maior.

A morte não é a única conseqüência indesejável. Muitas pessoas vivem mal, vivem tristes, encolhem suas vidas.


 
Gláucio Soares, paciente