A depressão de adolescentes que resistem ao tratamento

Um pesquisador, Brent D, e sua equipe pesquisaram a depressão resistente a medicamentos em adolescentes. É um quadro reconhecidamente difícil. Os pesquisadores perguntaram o que daria melhor resultado: mudar o antidepressivo apenas ou mudar o anti-depressivo e iniciar uma psicoterapia cognitivo-comportamental. Foi pesquisa grande, com dados de vários centros, chamada de Treatment of SSRI-resistant Depression in Adolescents (TORDIA) cujos resultados preliminares acabam de ser publicados na edição de 27 de fevereiro do Journal of the American Medical Association (JAMA).
Os resultados mostram que a depressão resistente pode ser tratada, para alívio de muitos adolescentes e seus familiares. Esses adolescentes tem necessidades diferentes dos demais.
O problema é sério: aproximadamente 40% dos adolescentes com depressão não respondem ao primeiro tratamento com anti-depressivos. Os 60% restantes respondem e ficam bem. Thomas R. Insel é um defensor do tratamento personalizado para esses adolescentes e os resultados da pesquisa apoiam essa posição.
Estudaram 334 adolescentes de 12 a 18 anos, todos com depressão grave que não foi curada com uma terapia com remédios (tipo SSRI) que durou dois meses. Esses adolescentes foram aleatoriamente distribuídos em quatro grupos durante 12 semanas:


* Um grupo mudou para outro SSRI—paroxetina (Paxil), citalopram (Celexa) ou fluoxetina (Prozac);
* Outro grupo mudou para outro SSRI MAIS terapia cognitivo comportamental (CBT); que enfatiza a resolução de problemas e mudanças no comportamento;
* Outro grupo mudou para venlafaxina (Effexor)— um tipo diferente de antidepressivo (serotonin and norepinephrine reuptake inhibitor, SNRI)
* O último grupo mudou para venlafaxina mais CBT


A comparação entre SSRIs e um SNRI se deve a alguns estudos com adultos que mostraram que a venlafaxina é mais eficiente do que os SSRIs para tratar depressões resistentes.
Os resultados: 55% dos que mudaram o remédio E começaram CBT responderam positivamente, mais do que os 41% dos que mudaram para outro tipo de medicamento.
Não houve diferenças significativas entre os que mudaram para outro SSRI e os que mudaram para a venlafaxina, uma SNRI, nem entre os diferentes SSRIs.
Vejam os números:
  1. mudar o medicamento ajuda e muito, pois a depressão diminuiu muito ou foi controlada em 41% dos casos (num grupo muito resistente);
  2. porém, mudar o medicamento e acrescentar a psicoterapia melhora mais - 55%.




A pesquisa, TORDIA, não excluiu os casos mais graves, de adolescentes que pensavam em suicídio, tinham ideações suicidas ou tentaram o suicídio. Mais da metade desses adolescentes tinham expressado ideações e pensamentos suicidas antes do tratamento. Foram acompanhados semanalmente para possíveis efeitos colaterais como hostilidade e irritabilidade.
É interessante que a mudança de medicamento e a terapia reduzem a depressão com certa rapidez, mas não a propensão ao suicídio, que permanece mais tempo, o que está em conformidade com pesquisas que mostram a persistência de um risco mais alto (do que o normal) durante um período depois de reduzida ou curada a depressão. Esse resultado sinaliza a necessidade de novos tratamentos específicos para lidar com a propensão ao suicídio.
Referência:
Brent D, et al. The treatment of adolescents with SSRI-resistant depression (TORDIA): A comparison of switch to venlafaxine or to another SSRI, with or without additional cognitive behavioral therapy. Journal of the American Medical Association. 2008 Feb 27.




GLÁUCIO SOARES                       IESP - UERJ

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