Cultura machista e homicídio/suicídio
Um caso recente ilustra a combinação entre variáveis mentais, circunstanciais e culturais num homicídio/suicídio (HS). Ocorreu em Surat, na Índia. Kajal Savani, a mãe, tinha problemas mentais parcialmente derivados das deficiências da filha, Priyanka, que era surda-muda e tinha (ou lhe atribuíam) deficiências mentais. Numa cultura em que mulheres sãs são cidadãs secundárias, as com deficiências enfrentam pesados problemas adicionais. Em algumas culturas, há instituições, públicas e privadas, que ajudariam a educar Priyanka e ajudariam a família a enfrentar esses problemas. Infelizmente, o status de mulher conta, e muito, na Índia e parte da cultura ainda integra o futuro da mulher ao de um homem, sem o qual não há futuro possível.
A família não enfrentava problemas financeiros. Encaro esse H/S como outro exemplo dos danos de uma cultura extremamente machista. Os aspectos culturais se revelaram também na maneira que Kajal selecionou para matar a filhinha e se matar: encharcou ambas com querosene e ateou fogo. Trabalhei muito nesse tipo de homicídio – acompanhado ou seguido de suicídio – e os resultados estão publicados em
SOARES, Gláucio Ary Dillon. Matar e, depois, morrer. Opin. Publica, 2002, vol.8, no.2, p.275-303. ISSN 0104-6276.
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