Abiraterona com barriga cheia?

Uma pesquisa que comparou os efeitos de um medicamento com e sem alimentos concluiu que tomá-lo com alimentos pode reduzir a dose diária terapêutica, reduzir problemas digestivos, e reduzir os custos em até 75%.

Qual é o problema? Os fabricantes aconselham a tomar o medicamento em jejum!

O medicamento é o acetato de abiraterona, conhecido pela marca Zytiga. As instruções aconselham que os pacientes tomem quatro pílulas de 250 mgs logo pela manhã, sem comer nada durante à noite. Após ingerir as pílulas, devem esperar uma hora até tomar o café da manhã.

Russell Szmulewitz, da Universidade de Chicago, afirma que essas instruções são contraproducentes e levam a grande desperdício. Compararam um grupo que seguia as instruções do fabricante e outros dois que tomavam os medicamentos com alimentos com apenas sete por cento de gordura e perto de 300 calorias, e ainda outro que mandava brasa no café da manhã de 825 calorias e 57% de gordura.

E daí???

Os medicamentos que tomamos não são absorvidos na sua totalidade. Um exemplo é o turmeric, com muitas utilidades: pouco é absorvido e quase tudo é expelido.

É aí que o breakfast faz diferença.

No breakfast “leve”, a quantidade de abiraterona que entra e circula no sangue é quatro a cinco vezes maior do que a que entra no paciente em jejum.

E quem manda a ver no café da manhã? A quantidade do medicamento que é absorvida pode chegar a dez vezes mais do que quando o paciente toma o medicamento em jejum.

Isso significa que, com muito menos medicamento (e muito menos efeitos colaterais) podemos conseguir resultados iguais.

É bom, mas muito bom mesmo, para o bolso do paciente ou do plano que paga o medicamento. No atacado, um mês de abiraterona (incluindo o desperdício quando tomado em jejum) é de oito a onze mil dólares. Oito a onze mil no atacado!

Quanto é isso? Onze mil dólares são mais de 36 mil reais. Mensais! Normalmente os pacientes tomam esse medicamento por cerca de dois anos. Ou mais de 880 mil reais. Somente com esse remédio.

Se não morrer do câncer, morre de penúria. Porém, um modo mais eficiente de ingestão do medicamento pode cortar esse custo em até 75%!

Cuidado. Esse estudo acaba de ser publicado e divulgado em EurekAlert, PUBLIC RELEASE: 28-MAR-2018 (ontem). Converse com seu urólogo e seu oncólogo.


GLÁUCIO SOARES IESP-UERJ

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