Solicídios

 

Há uma relação entre a solidão e o suicídio. Quando investigamos as causas e circunstâncias de muitos suicídios começam a surgir os casos nos que a solidão é parte inclemente do suicídio. Essa associação é particularmente letal em alguns grupos, como o de homens idosos. Há muitos tipos de suicídio. Encontramos tipificações em diferentes disciplinas, começando pelo clássico da sociologia, le Suicide, de Dürkheim, passando pelo monumental Man against himself, de Karl Menninger.[i] Hoje, a crescente interação entre disciplinas acadêmicas estimula livros menos disciplinares. Alguns, porém, ainda mantem um olhar disciplinar predominante, como o meu favorito, Night Falls Fast, de Kay Redfield Jamison[ii].

Os suicídios associados com a solidão têm características próprias e, na minha opinião, merecem um nome próprio. Proponho solicídio.  É o que explica o incremento nas taxas de suicídio com a idade.

Por que escrevo sobre isso? Porque há maneiras indiretas de evitar os suicídios, tornando a vida das pessoas mais agradáveis, mas gostosas, vidas que despertam o desejo de viver. Os antidepressivos ajudam a reduzir os suicídios, mas ajudar a tornar as pessoas mais felizes é uma política mais eficiente e tem muitos outros benefícios colaterais. Sobre os depósitos de velhos não há o que dizer.

 

Solicídios no Rio de Janeiro

Precisamos de políticas menos custosas, mais inteligentes, com maior gama de benefícios, baseadas no melhor conhecimento disponível e não em chutes e achismos.

Elas existem.

Gláucio Soares


[i] Recomendo a leitura de outro livro de Menninger, Love against Hate.

[ii] Night Falls Fast: Understanding Suicide. A Kindle Edition custa US$13,99. Há tradução.

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