Desigualdade no Brasil

É bom, muito bom, ler uma entrevista inteligente com um pesquisador criativo sobre tema socialmente relevante; porém, é melhor ainda quando o pesquisador criativo é gente boa e teu colega.
Quase deixei passar. Afinal, não leio sempre a revista Pesquisa, editada pela FAPERJ. Essa, de setembro, sentou na montanha de papeis que um dia foi escritório, durante dois meses. É o número de setembro.
O assunto, desigualdade, é sempre atual. Na minha leitura, o que Carlos Antonio Costa Ribeiro, Cientista do Nosso Estado, sublinha é a importância do conceito de igualdade de oportunidade e, dentro dela, da educação. Uma leitura atenta mostra que a desigualdade de oportunidade começa muito antes da universidade e, para os que pensamos politicamente, é na educação elementar e secundária que a grande batalha contra a desigualdade tem que ser travada. A universidade gratuita para pobres e ricos não nivela, acentua as desigualdades. A maioria dos pobres foi ceifada antes.
A desigualdade vem sendo reduzida no Brasil desde a década de 90, mas o resto do mundo não ficou parado e em muitos países que também eram muito desiguais, a desigualdade de oportunidades foi enfrentada muito antes e o Brasil continua entre os países mais desiguais do mundo.
Costa Ribeiro enfatiza algumas correlatas da desigualdade: origem social, raça e sexo. Mostra que a desigualdade educacional numérica entre os sexos foi reduzida (no meu entender, graças, em boa parte, aos movimentos feministas) e, na educação superior, invertida, mas a desigualdade percorre, agora, outros caminhos.
Uma boa leitura gera um milhão de ideias.
É, comecei o domingo com o pé direito.
Gláucio Soares IESP-UERJ
Vilma Homero, essa persistente desigualdade… Pesquisa, VIII, 32, setembro de 2015.

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