Fatores de risco de suicídio na Romênia

Uma pesquisa foi feita na Romênia, no condado de Mures, com pouco mais de meio milhão de habitantes porque a taxa de suicídios oscilava entre 23 e 32 por cem mil, ao passo que a taxa nacional era muito menor, entre 12 e 14 por cem mil. Como no Brasil, a necrópsia é obrigatória em todas as mortes violentas. Foram estudados 273 suicídios. Uma planilha foi diligentemente preenchida com informações disponíveis, algumas confiáveis e outras quase certamente incompletas.

Quais os preditores de suicídios nesse condado?  Comecemos com o sexo, quase cinco homens por mulher (4,8), o que confirma uma tendência encontrada na quase totalidade das pesquisas no campo: os homens se matam mais do que as mulheres. Uma diferença se refere ao estado civil que não alterou o risco. Confirmando o encontrado em sociedades como a China ou a Índia, a taxa rural era maior do que a urbana – o dobro.

Porém, a condição mais relevante talvez seja a solidão e o isolamento, juntamente com a inatividade (todo tipo de pessoa que não está trabalhando, seja por aposentadoria, invalidez ou desemprego): nada menos de 65% das vítimas não tinham ocupação. A sazonalidade foi constatada nas zonas rurais, com taxas mais altas na primavera e no verão. Havia diferenças étnicas: os membros da minoria húngara tinham uma taxa que era o dobro da dos romenos.

Finalmente, confirmando o encontrado por tantas pesquisas, muitos suicídios passam pelo alcoolismo, com bebedeira recente: 60% dos homens e 27% das mulheres.

A despeito de ter sido feita numa área limitada, essa pesquisa confirmou o aumento do risco que alguns fatores econômicos, sociais e psicológicos acarretam, com exceção do estado civil.

 

GLÁUCIO SOARES    IESP/UERJ

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