Câncer e prioridades


Morrem, anualmente, perto de 27 mil pessoas de câncer da próstata somente nos Estados Unidos. Em Pearl Harbor, que jogou os Estados Unidos na II Guerra Mundial, morreram 2.350 pessoas. O porta-aviões Ronald Reagan custou entre 4,8 e 5 bilhões de dólares para construir. O orçamento anual do National Cancer Institute é cerca de cinco bilhões. Num só navio de guerra, ainda que o mais moderno e poderoso, o orçamento de 15 a 16 anos das pesquisas financiadas pelo NCI sobre câncer da próstata, que é de cerca de trezentos milhões de dólares por ano.
Uma política nacional inteligente prioriza a vida. Os cânceres são a segunda causa de morte nos países desenvolvidos (os problemas cardiovasculares e circulatórios são a primeira), mas as políticas nacionais não obedecem a um desenho inteligente. Elas são o resultado de pressões e o poder de pressão dos homens idosos é muito pequeno, em parte por nossa própria culpa, resultado do nosso próprio machismo. A vergonha de lidar com o câncer da próstata e os problemas genito-urinários é generalizada. Muitos preferem morrer a falar do assunto.

Consegue recursos quem tem poder, que faz (e sabe fazer) pressão. A prioridade não segue a necessidade. Podemos e devemos aprender com os casos de sucesso. Os êxitos dos esforços concentrados no caso da AIDS e do câncer da mama mostram que o aumento substancial de recursos dá certo e que extensões da vida e curas se tornam muito mais prováveis quando há recursos. Resultaram de organização dos interessados e suas famílias, de pressão política, social e midiática.

O mundo continua esperando uma grande cruzada contra o câncer. Ouso dizer que, com um esforço comparável ao que houve no caso da HIV/AIDS, chegaríamos a uma cura do câncer da próstata em vinte anos. Quantos, que vão morrer, deixariam de morrer?

E no Brasil?

Ora, o Brasil... Gastamos muito mais com o mensalão do que com pesquisas e prevenção do câncer da próstata.


GLÁUCIO SOARES      IESP-UERJ



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