Suicídios numa comunidade andina venezuelana

AUBIN URDANETA MORALES, da Universidade de Los Andes, realizou um interessante estudo localizado dos suicídios no Municipio Sanitario Mucuchíes, no Estado de Mérida, na Venezuela. O Estado de Mérida tinha 22 municípios e uma população reduzida, estimada em 719.795 habitantes (1998); a taxa de mortalidade específica por suicidio era de 8,9 por 100.000 habitantes. Já o município Sanitário Mucuchíes, está no noroeste do Estado de Mérida, e é muito alto, parte da cordilheira dos Andes a uma altura de 2.983 a 3.600 metros sobre el nível del mar, com una temperatura média anual de 10ºC. A taxa de mortalidad específica por suicidio era de 24,66 por 100.000 habitantes. Talvez por ser aproximadamente três vezes a do estado, a taxa de suicídios chama a atenção.
Urdaneta Morales fez um levantamento dos suicídios ocorridos de 1993 a 1997, inclusive, e entrevistou 42 famílias de suicidas. Essa excelente iniciativa foi limitada pela falta de parâmetros comparativos com a população local e venezuelana. Quatro em cinco suicidas eram homens e quatro em cinco eram pessoas solteiras. Nada menos do que 88% dos chefes dessas famílias eram trabalhadores não especializados, analfabetos e com baixos rendimentos.
Os analfabetos representavam 62% dos chefes de família e os com instrução primária ou simplesmente alfabetizados um terço do total.
Como diferente de outros modelos, os suicidas nesse município sanitário eram predominantemente jovens: um em três tinha 24 anos ou menos e apenas 7% tinha 45 ou mais.
A pesquisa foi muito prejudicada pelos problemas metodológicos: sabemos quem são os suicidas, mas não temos as populações de referência para compara-los. Não obstante, o estudo das freqüências marginais permite comparar com outros estudos. Os suicidas no município Sanitário Mucuchíes, como em outros lugares, são predominantemente homens e predominantemente solteiros. Como diferente são relativamente jovens. São pobres, mas não sabemos se são mais pobres do que a população da qual saíram.
Essa pesquisa contribui mostrando, mais uma vez, a importância do contexto. As variáveis explicativas tradicionais gênero e estado civil funcionam e a idade funciona diferentemente da maioria dos contextos estudados.

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