AS ARMAS DE FOGO EM CASA MATAM MUITAS CRIANÇAS E ADOLESCENTES

Outra pesquisa, realizada dez anos antes da que relatei há pouco, analisou o impacto de ter ou não arma em casa sobre a morte de crianças e adolescentes entre 5 e 14 anos. É um artigo de autores com muita reputação no campo (Mathew Miller, Deborah Azrael e David Hemenway).
Para dar uma idéia da dimensão do problema, os autores lembram que 
"...somente acidentes de trânsito e câncer matam mais crianças e adolescentes do que as armas de fogo. "
A pesquisa é de nível nacional, usa uma estratégia analítica chamada de “pooled cross-sectional time-series data”, e cobre o peíodo de 1988 a 1997. Essa população é importante  não apenas pelo seu valor simbólico e afetivo, mas também porque crianças e adolescentes formam a população cuja morte rouba mais anos de vida. Eles teriam muitos anos a mais para viver do que idosos como eu. Como não há dados diretos sobre a presença ou propriedade de armas de fogo, os autores usaram nada menos do que quatro proxies para estimá-las.
A conclusão é clara: existe uma associação estatisticamente significativa entre a disponibilidade de armas em casa e as mortes violentas, por armas de fogo, de crianças e adolescentes que residem nela. A associação vale para acidentes (não há acidentes com armas de fogo onde não há armas de fogo), suicídios (não há suicídios com armas de fogo onde não há armas de fogo) e homicídios (não há homicídios com armas de fogo onde não há armas de fogo).
As taxas de vitimização por armas de fogo, via homicídios e suicídios, são particularmente elevadas entre as crianças e adolescentes que vivem nos estados com mais altas taxas de armas de fogo. 
São estados cujas políticas públicas, cujas leis, contribuem para a morte violenta de crianças e adolescentes. 
Essa associação continua forte e significativa mesmo depois de controlar o nível de pobreza dos estados, o nível de educação e de urbanização dos estados. O que diferencia os estados com taxas de morte mais elevadas dos com taxas mais baixas são as mortes por armas de fogo, mas não as mortes em que outros meios foram usados. Os estados não exibem diferenças signicativas entre as mortes em que outros meios foram usados. Para formar a sua opinião, recomendo uma leitura atenta do texto (e de outros semelhantes) e não uma resposta a partir de achismos e/ou ideologia.

GLÁUCIO SOARES IESP/UERJ

Saiba mais: “Firearm Availability and Unintentional Firearm Deaths, Suicide, and Homicide among 5–14 Year Olds ” em J Trauma. 2002;52:267–275.
Outra pesquisa, realizada dez anos antes da que relatei há pouco, analisou o impacto de ter ou não arma em casa sobre a morte de crianças e adolescentes entre 5 e 14 anos. É um artigo de autores com muita reputação no campo (Mathew Miller, Deborah Azrael e David Hemenway).
Para dar uma idéia da dimensão do problema, os autores lembram que 
"...somente acidentes de trânsito e câncer matam mais crianças e adolescentes do que as armas de fogo. "
A pesquisa é de nível nacional, usa uma estratégia analítica chamada de “pooled cross-sectional time-series data”, e cobre o peíodo de 1988 a 1997. Essa população é importante  não apenas pelo seu valor simbólico e afetivo, mas também porque crianças e adolescentes formam a população cuja morte rouba mais anos de vida. Eles teriam muitos anos a mais para viver do que idosos como eu. Como não há dados diretos sobre a presença ou propriedade de armas de fogo, os autores usaram nada menos do que quatro proxies para estimá-las.
A conclusão é clara: existe uma associação estatisticamente significativa entre a disponibilidade de armas em casa e as mortes violentas, por armas de fogo, de crianças e adolescentes que residem nela. A associação vale para acidentes (não há acidentes com armas de fogo onde não há armas de fogo), suicídios (não há suicídios com armas de fogo onde não há armas de fogo) e homicídios (não há homicídios com armas de fogo onde não há armas de fogo).
As taxas de vitimização por armas de fogo, via homicídios e suicídios, são particularmente elevadas entre as crianças e adolescentes que vivem nos estados com mais altas taxas de armas de fogo. 

São estados cujas políticas públicas, cujas leis, contribuem para a morte violenta de crianças e adolescentes. 

Essa associação continua forte e significativa mesmo depois de controlar o nível de pobreza dos estados, o nível de educação e de urbanização dos estados. O que diferencia os estados com taxas de morte mais elevadas dos com taxas mais baixas são as mortes por armas de fogo, mas não as mortes em que outros meios foram usados. Os estados não exibem diferenças signicativas entre as mortes em que outros meios foram usados. Para formar a sua opinião, recomendo uma leitura atenta do texto (e de outros semelhantes) e não uma resposta a partir de achismos e/ou ideologia.

GLÁUCIO SOARES IESP/UERJ

Saiba mais: “Firearm Availability and Unintentional Firearm Deaths, Suicide, and Homicide among 5–14 Year Olds ” em J Trauma. 2002;52:267–275.


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