Dormir no escuro da noite produz melatonina contra os cânceres de próstata e de mama


Aquilo que nossos antepassados diziam é verdade: o corpo quer descanso, muito descanso... à noite. Duas pesquisas recentes confirmam a sabedoria de nossos antepassados: uma descobriu que, entre mulheres pós-menopáusicas, quanto mais baixa a produção de melatonina, tanto mais alta a incidência de câncer de mama. A segunda correlacionou a intensidade da luz das áreas da terra tal qual medida por satélites concluindo que a incidência do câncer de próstata aumenta com a luminosidade.

Essas conclusões confirmam a das pesquisas feitas com animais: os picos noturnos de produção de melatonina reduzem o crescimento de cânceres hormonais. A luz reduz a produção de melatonina, seja durante o sono, seja em pessoas acordadas. Em 2001, Eva S. Schernhammer do Brigham and Women's Hospital em Boston encontrou um risco elevado de câncer de mama entre enfermeiras que trabalhavam à noite. A luz artificial do trabalho noturno reduzia a produção de melatonina.

David E. Blask daTulane University School of Medicine em New Orleans realizou outra pesquisa relevante: implantaram tumores de mama em camundongos e depois injetaram sangue de mulheres com alta concentração noturna de melatonina nos tumores e eles pararam de crescer. Quando ele e sua equipe injetaram sangue de mulheres que tinham sido expostas regularmente à luz durante as noites (o que reduzia a concentração de melatonina), os tumores cresceram. Blask fez pesquisa semelhante com o câncer de próstata. Quando os tumores criados nos camundongos foram injetados com sangue de outros camundongos com melatonina produzida à noite, eles decresceram; quando injetaram sangue de camundongos expostos à luz noturna, os tumores cresceram mais rapidamente. Schernhammer fez outra pesquisa com Susan E. Hankinson da Harvard School of Public Health, cujos resultados confirmam o descrito acima: as mulheres com doses mais altas de melatonina produzida à noite tinham um risco de câncer de mama que era dois terços menor. Não é pouca coisa...

Tem mais: três pesquisadores de Israel usaram dados coletados sobre a iluminação artificial em 164 países ou subdivisões de países e correlacionaram com dados epidemiológicos sobre a incidência de cânceres de próstata, pulmão e cólon, chegando a uma associação positiva entre a luz artificial e o câncer de próstata, mas não com o câncer de pulmão ou de cólon. As taxas de câncer de próstata nas áreas com alta iluminação artificial eram o dobro das taxas nas áreas com baixa iluminação.

Steven W. Lockley da Harvard Medical School em Boston diz que o início da secreção de hormônio é retardado em uma hora ou uma hora e meia quando há luz. Se as luzes forem apagadas, a produção de melatonina volta ao normal.

Não podemos parar o mundo à noite, mas podemos minorar os efeitos da quebra de nossos ritmos circadianos. Para começar, há muitas pessoas que trocam a noite pelo dia sem necessidade. Acham que estudam/produzem melhor à noite. Estão comprometendo sua própria saúde. O leitor deve pesquisar os benefícios de suplementos. Talvez seja possível planejar melhor os descansos dos que trabalham no turno da noite, garantindo, inclusive, a escuridão na sala de descanso.

Há muitas perguntas que talvez já tenham resposta. Cabe ao leitor interessado pesquisá-las mais a fundo.

Escrito por Gláucio Soares para pacientes de câncer, seus familiares e amigos.



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